Bela Emilia, uma flor.



"As vezes ouço passar o vento;
e só de ouvir o vento passar,
vale a pena ter nascido."
Fernando Pessoa 


Certas pessoas passam pela nossa vida e deixam só boas lembranças...    Tia Ivone, foi uma delas, povoou a minha cabecinha de criança com histórias... com ela aprendi a fazer bolos, da massa ao confeito, lindos e uma delicia... a arte da costura, o bordado.
Uma senhorinha esguia, de bem com a vida, os cabelos brancos sempre bem cuidados, curto, pequenos cachos, tonalizado com reflexos azuis...
Sempre bem vestida, roupas com detalhes bem femininos que ela mesma aplicava... golas de crochê, bordados, botões.

Gostava de passear, falava que os vizinhos deviam acha-la uma "velhinha gaiteira"... rs

As vezes me chamava, para que juntas percorressemos os terrenos baldios (e na época eram muitos) a cata de adubo para seu jardim, que graciosas vaquinhas depositavam na terra... e lá iamos nós, carrinho de mão, pá, uma verdadeira expedição...

Para mim, que adoro flores, cores e cheiros, o jardim era o paraíso, que só me era permitido com a sua supervisão carinhosa, em algumas ocasiões...
Que delicia, as arvores, arbustos, flores... frutas tiradas do pé, uma verdadeira festa...
Os cajás, comia-os aos montes, descascava, lambuzava de sal, lavava e ... voalá, ficavam doces...

O sotão, seus brinquedos, seus mistérios... boas lembranças.
Dentre tantas, uma permanece viva, como uma presença constante e carinhosa...
O canteiro de Bela Emília, florezinhas azuis que nascem em buques e colam na gente, as preferidas dela e minhas também... vez por outra pego um buquezinho e grudo na minha roupa, ou levo e grudo em alguém que eu gosto, como ela fazia sempre comigo...

Agradeço, por voce ter estado na minha vida, por ter sido a minha "Tia Ivone", e mais tarde a "Vóvó Tia Ivone" dos meus filhos.

Graça

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